Nematoides na Cultura da Soja

Conheça os principais nematoides da cultura da soja e saiba identificá-los no campo, para realizar um manejo eficiente.

Nematoides são vermes que possuem corpo em formato cilíndrico e alongado, e podem medir de 0,3 mm a 3 mm. Por meio do estilete bucal, estas pragas retiram substâncias nutritivas das plantas de soja

A incidência de nematoide pode ser identificada na lavoura quando são encontradas formas anormais nas estruturas radiculares das plantas, como galhas e tecidos escuros.

De acordo com fala de José Otávio Mentem, docente da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), em publicação da Revista Cultivar, estima-se que os nematoides consumam aproximadamente 10% da produção agrícola global, levando a perdas econômicas anuais avaliadas, cautelosamente, em mais de U$ 125 bilhões.

Em boletim técnico, a Fundação MS afirma que os nematoides vêm crescendo em importância, tornando-se um dos principais problemas fitossanitários da sojicultura brasileira, podendo, inclusive, inviabilizar algumas áreas de cultivo de soja.

Isso porque, além de causarem danos diversos às plantas parasitadas, os nematoides participam de complexos de doenças de diferentes modos, como:

  • Criação de portas de entrada para outros patógenos.
  • Modificação da rizosfera, favorecendo o crescimento de outros patógenos.
  • Atuação como vetores de viroses, bactérias e fungos.
  • Alteração da suscetibilidade do hospedeiro a outros patógenos, por meio da indução de alterações fisiológicas no hospedeiro.

Para ajudar a identificar e manejar os principais nematoides da cultura da soja, INTACTA preparou este artigo para você. Confira!

Os principais nematoides da cultura da soja

Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), mais de 100 espécies de nematoides, envolvendo cerca de 50 gêneros, foram associadas a cultivos de soja em todo o mundo.

Especificamente no Brasil, os nematoides mais prejudiciais à cultura têm sido: Meloidogyne spp., Heterodera glycines, e Pratylenchus brachyurus.

Conheça o comportamento de cada um deles, para saber diferenciá-los no campo.

Nematoide das galhas (Meloidogyne spp.)

Meloidogyne incognita e M. javanica são as espécies de nematoide das galhas mais importantes para a cultura da soja no Brasil. A M. javanica tem ocorrência generalizada, enquanto A M. incognita é encontrada com maior frequência em áreas de soja nas quais foram cultivados anteriormente café ou algodão.

O nematoide das galhas favorece o surgimento de “galhas” nas raízes da planta de soja. As galhas são o resultado de alterações celulares causadas no interior do tecido das plantas pelo processo de alimentação do nematoide. Podemos encontrar fêmeas do nematoide no interior dessas galhas, que são identificadas pela cor branco-pérola e pelo formato de pera.

 “Em anos em que acontecem veranicos na fase de enchimento de grãos, os danos tendem a ser maiores.” (EMBRAPA)

Como consequência do ataque, ocorre a diminuição da área foliar, deficiências minerais e murchamento temporário da planta durante o período mais quente do dia. Além disso, notam-se um intenso abortamento de vagens e o amadurecimento prematuro das plantas.

Nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus)

O nematoide das lesões radiculares está espalhado por todo o Brasil. Produtores têm relatado aumento de perdas por este nematoide especialmente em lavouras de soja concentradas na região central do país.

A intensidade dos ataques do nematoide depende de alguns fatores, como, por exemplo, a do solo. De acordo com a EMBRAPA, terrenos arenosos ou franco-arenosos são mais favoráveis ao ataque, por facilitarem a movimentação dos nematoides.

A presença de nematoide das lesões radiculares em lavouras de soja provoca o escurecimento das raízes e a redução no tamanho da planta. Isso se deve ao ataque às células do parênquima cortical, onde o patógeno injeta toxinas durante o processo de alimentação. Vale lembrar que a própria movimentação do nematoide na raiz também desorganiza e destrói células.

Os sintomas do ataque desse nematoide ocorrem apenas em casos de alta infestação e são mais difíceis de serem observados, quando comparados aos demais que se alimentam da soja.

Nematoide de cisto (Heterodera glycines)

A cultura da soja é a principal hospedeira de importância econômica do nematoide de cisto.

As condições ideais para o desenvolvimento de H. glycines são temperaturas entre 23 e 28ºC. O nematoide para de se desenvolver com temperaturas inferiores a 14ºC ou superiores a 34ºC.

“Na ausência do hospedeiro, os cistos podem permanecer viáveis no solo por um período de seis a oito anos.” (Fundação MS)

O impacto na cultura da soja acontece quando o nematoide penetra nas raízes da planta e dificulta a absorção de água e nutrientes. Isso resulta em porte reduzido das plantas e clorose amarela na parte aérea da planta de soja. Em muitos casos, as plantas de soja atacadas acabam morrendo.

Estes sintomas aparecem em reboleiras, geralmente, próximo de estradas ou carreadores. Mas é preciso ficar atento: em regiões com solos mais férteis e boa distribuição de chuva, os sintomas na parte aérea podem não se manifestar, o que vai exigir o diagnóstico definitivo, que é a observação do sistema radicular das plantas.

 

Para construir uma estratégia de manejo adequada para essas pragas, precisamos primeiramente admitir que é praticamente impossível eliminar qualquer espécie de nematoide do solo. Em um segundo momento, devemos considerar que existem poucas alternativas químicas ou biológicas de manejo para essas pragas na cultura da soja, e que não contemplam todos os principais nematoides como alvo.

Neste cenário, entendemos que nenhum produto químico pode ser utilizado para reduzir a pressão de nematoides da soja de forma pontual e isolada. Por tanto, a recomendação mais adequada é o manejo de todo o sistema produtivo.

De modo geral, o manejo de nematoides se resume em boas práticas agronômicas bem-executadas.

Entre as práticas necessárias para que a cultura da soja conviva de forma saudável com os nematoides do solo, estão:

  • Limpar sempre os reservatórios de água e os canais de irrigação.
  • Lavar cuidadosamente as máquinas e os implementos agrícolas, principalmente após a utilização em áreas infestadas por nematoides.
  • Evitar plantios consecutivos com culturas suscetíveis ao verme.
  • Expor as camadas profundas do solo à radiação solar nas horas mais quentes do dia.
  • Fazer rotação de culturas.
  • Utilizar cultivares resistentes.
  • Adotar produtos químicos adequados.

 

Para realizar a melhor escolha na hora de adquirir as sementes de soja para sua lavoura, opte por cultivares INTACTA que sejam adaptadas para a sua região, e que apresentem resistência aos nematoides encontrados no solo da sua lavoura.

Isso reforça a importância de saber identificar os nematoides ainda durante o planejamento da safra.

Manejo químico de nematoides

A Bayer possui no portfólio dois produtos considerados muito relevantes como alternativa química complementar no manejo de nematoides:

Verango® Prime: trata-se de um nematicida recomendado para aplicação no sulco de plantio, que atua no manejo do nematoide das lesões radiculares em lavouras de soja.

CropStar ®: é um tratamento de sementes de amplo espectro de controle de pragas e nematoides que atua nos fitonematoides por meio do tiocarbe, um dos princípios ativos do produto. Seu efeito causa atraso no ciclo de vida, redução de danos e redução do aumento populacional dos nematoides.

Rotação de culturas para reduzir pressão de nematoides na soja

O objetivo da rotação de culturas é inserir plantas que não sejam hospedeiras de nematoides no sistema produtivo. Essa prática retira do solo o alimento dos nematoides e, como consequência, reduz consideravelmente sua ocorrência.  

De acordo com o boletim “Nematoides da Soja”, produzido pela parceria entre pesquisadores da Fundação MS e Embrapa, para cada nematoide existem espécies de plantas adequadas para a rotação de culturas. Veja:

Nematoide das lesões radiculares
Rotação de culturas pode ser realizada com espécies de crotalária.

Nematoide de cisto
As culturas adequadas para rotação são algodão, sorgo, mamona, milho e girassol. Dependendo da infestação da área, é recomendado que se faça o plantio de uma dessas espécies durante a safra, deixando a lavoura sem a cultura da soja por um ano.

Nematoide das galhas
As espécies de plantas ideais para a rotação são: Crotalaria spectabilis, C. grantiana, C. mucronata, C. paulinea, mucuna preta, mucuna cinza ou nabo forrageiro. A integração entre lavoura e pecuária também pode gerar um bom de manejo de áreas infestadas. Nesse caso, há que se dar especial atenção ao controle de plantas daninhas nas pastagens, muitas das quais suscetíveis ao nematoide.

A rotação de culturas com tecnologias INTACTA

Um dos maiores desafios da rotação de culturas é o manejo de herbicidas em pré-plantio, e controle de plantas indesejadas remanescentes logo após a emergência da cultura da soja. No entanto, produtores que optam por sementes de soja que expressam as biotecnologias INTACTA podem contar com a tolerância da lavoura ao — principais ferramentas para dessecar culturas de cobertura em rotação com a soja.

A adoção destes herbicidas possibilita o plantio direto eficiente, e a utilização da matéria orgânica de plantas de cobertura adotadas para rotação com foco em manejo de nematoides como palhada.