Correção do solo: como devo fazer?

Correção do solo: como devo fazer?
Entenda como a calagem e gessagem ajudam a corrigir a acidez do solo.

Correção do solo

A correção do solo é o 3º passo para o preparo da área onde será instalada a lavoura de soja. Para conferir os passos 1 e 2 do preparo de solo, clique aqui.

Com o resultado da análise de solo em mãos, é possível conhecer todas as correções necessárias para preparar a área. Até aqui, é esperado que o solo já tenha sido descompactado conforme a necessidade da lavoura, o que vai ajudar na operação de calagem e gessagem.

Calagem e gessagem são nomes dados as operações de aplicação de calcário e gesso no solo, que têm o objetivo de corrigir sua acidez, tomando por base a análise de solo. A eficiência e a otimização de uso dos nutrientes durante a safra são diretamente beneficiadas por essa prática.

Lembre-se de que é importante contar com o suporte de um especialista para interpretar corretamente o resultado da análise de solo.

O que é pH ou acidez do solo?

Tomando como referência estudos do estimado especialista em solos, Eurípedes Malavolta , podemos dizer que os solos podem ser naturalmente ácidos. Essa característica pode ser atribuída ao solo por dois motivos principais:

· Material de origem do solo pobre em elementos como cálcio, magnésio, potássio e sódio – que são as bases trocáveis do solo.

· Processos intensos de intemperização, que resultam em maiores teores de hidrogênio e alumínio no complexo de troca do solo e, consequentemente, também na solução do solo.

No entanto, de acordo com a Embrapa, o processo de exploração agrícola também é um fator gerador de acidez do solo, tanto pela exportação e pela lixiviação de nutrientes do solo (bases trocáveis), quanto pela intensificação do ciclo da matéria orgânica do solo ou pelo próprio manejo da fertilidade do solo, que pode ser realizado com a aplicação de fertilizantes com efeito acidificante.

De forma prática e objetiva, a acidez do solo ou pH do solo é a concentração de íons H+ presente na solução do solo e é um dos importantes indicadores de fertilidade. O valor de pH do solo indica se este é:

  • Mais ácido – valor menor que 7

Deficiência de cálcio e magnésio, e toxidez dos micronutrientes e alumínio.

  • Básico – valores acima de 7
    Deficiência de micronutrientes e menor disponibilidade de fósforo.

Quando corrigimos essa acidez, utilizando o calcário, por exemplo, o resultado é a redução do hidrogênio livre, o que eleva os valores do pH, e amplia a quantidade e a disponibilidade de bases como cálcio e magnésio. Com o aumento do pH, ocorrem a imobilização e a redução dos elementos metálicos, além da neutralização do alumínio tóxico para as plantas.

O pH do solo ideal para a cultura da soja

De acordo com a Circular Técnica da Embrapa “Calagem e Adubação da soja” , a faixa ideal de pH do solo para o cultivo da soja deve variar entre 5,4 e 5,9 em CaCl2 – valores que representam a faixa de melhor disponibilidade de nutrientes e menor toxicidade de alguns elementos.

Relação entre o pH e a disponibilidade dos elementos no solo.
Fonte: Malavolta (1980).

Calagem: a aplicação de calcário para correção do solo

A calagem deve ser incorporada de forma homogênea ao solo, na profundidade de 20 cm. É aconselhado fazer a aplicação de 50% da dose de calcário em superfície e, logo em seguida, tombar o solo com arado, para aplicar a segunda metade da dose recomendada e homogeneizar a aplicação com duas a três gradagens.

“Hoje a calagem e adubação representam 30% do aumento de produtividade”, disse José Ronaldo de Macedo, pesquisador da Embrapa Solos, em entrevista para a série especial Embrapa em Ação, do Giro do Boi.

De acordo com a Embrapa , além de eliminar a acidez, corrigindo o pH do solo, a calagem apresenta os seguintes benefícios:

· Promove o aumento do sistema radicular das plantas com o fornecimento de cálcio (Ca).

  • Proporciona o fornecimento de magnésio (Mg).
  • Amplia a disponibilidade de fósforo.
  • Diminui a disponibilidade de alumínio e manganês.
  • Aumenta a mineralização da matéria orgânica com consequente maior disponibilidade de nutrientes.
  • Favorece a fixação biológica de nitrogênio.
  • Aumenta a agregação, pois o cálcio é um cátion floculante e, com isso, reduz a compactação.
  • Tem efeito residual de até 5 anos – dependendo da dose aplicada e do manejo ao longo do tempo, esse efeito pode perdurar por mais de 25 anos.

Para que haja boa incorporação e homogeneização com o solo, a calagem deve ser feita no preparo do solo.

Cálculo para realizar calagem

O cálculo da dose de calcário utilizada na operação deve considerar o resultado da análise de solo e a fórmula adequada para o objetivo do produtor.

Uma das fórmulas mais usadas para obter a dose ideal de calcário é:

NC = (V2 – V1) x T /PRNT

  • NC: necessidade de calagem.
  • V2: saturação em base desejada.
  • V1: saturação em base encontrada (encontrada na análise de solo).
  • T: capacidade de troca catiônica do solo.
  • PRNT: poder relativo de neutralização total do calcário (encontrado na embalagem do calcário).

Conte com um engenheiro-agrônomo de confiança,
para elaborar sua estratégia de calagem.

Gessagem para a correção do solo

A gessagem é a prática em que aplicamos gesso agrícola (CaSO4) no solo.

O gesso é um subproduto da indústria de fertilizantes, e contém cerca de 20% de cálcio (Ca) e 15% de enxofre (S).

O objetivo da gessagem não é corrigir o pH do solo . A importância dessa prática se dá pela alta mobilidade do gesso no perfil do solo, que impacta positivamente a camada subsuperficial, abaixo dos 30 cm.

Por ter alta solubilidade no solo, o gesso fornece rapidamente o cálcio, que pode ser lixiviado em profundidade, melhorando a fertilidade e aumentando a exploração das raízes.

Um bom exemplo dessa vantagem do gesso é seu efeito quando aplicado após a calagem. Nesse caso, o gesso permite que o sulfato se movimente para camadas inferiores, acompanhado por cátions como o cálcio, magnésio e potássio.

Resultados da Embrapa: gesso é um melhorador do ambiente radicular na subsuperfície, e registra ganhos de 10 sacos/ha a mais para a cultura da soja.

Com essa movimentação de cátions na subsuperfície, a toxidez de alumínio é reduzida, enquanto os teores de cálcio e magnésio aumentam. Isso melhora o ambiente radicular e os efeitos são observados no mesmo ano agrícola de aplicação.

Em trabalho sobre gesso e soja realizado por pesquisadores da UDESC , foi demonstrado que o rendimento da soja em função da gessagem apresentou 11,4 % de aumento de produtividade em comparação com o rendimento da área sem adição de gesso.

Benefícios da gessagem:

· Fornece cálcio e enxofre para o solo.

· Favorece o desenvolvimento radicular das plantas.

· Reduz a toxidez por alumínio em superfície.

· Proporciona uma lavoura mais tolerante a estresse hídrico.

Outro ponto de destaque em relação a gessagem é que essa prática permite a manutenção do plantio direto em longo prazo, sem a necessidade de interrupção por aração para incorporar o calcário.

Cálculo para realizar a gessagem

A dose de gesso utilizada na operação deve considerar o resultado da análise de solo e a fórmula adequada para o objetivo do produtor.

De acordo com a Circular Técnica “Uso de Gesso Agrícola nos Solos do Cerrado” , da Embrapa, para obter uma recomendação de gesso agrícola, é necessário conhecer o teor de argila do solo. Com esse valor em mãos, o cálculo pode ser feito com o uso da fórmula abaixo:

D.G. (kg/ha) = 75 x Argila (%)

D.G = dose de gesso agrícola com 15% de enxofre.

O gesso deve ser aplicado a lanço depois da calagem. Como a camada arável do solo recebeu a calagem, o gesso se infiltrará no solo ao se dissolver com a água, alcançando camadas subsuperficiais até 60 cm.

Dose de gesso por textura do solo

Se a classificação textural do solo for conhecida, é possível obter a recomendação de dose de gesso a partir da tabela abaixo:

Fonte: Embrapa

A dose de gessagem que utiliza a textura do solo como referência apresenta efeito residual de, no mínimo, cinco anos, que podem se estender para até 15 anos, dependendo do tipo de solo.

Ferramentas adequadas para gessagem e calagem

Para a aplicação do gesso ou do calcário para correção do solo, podem ser utilizados equipamentos com dosador volumétrico tipo esteira ou distribuidor centrífugo de dois discos. Ambos devem ser devidamente regulados.

Para a calagem, é importante que a gradagem esteja na profundidade adequada, de 20 cm. No caso da gessagem, em que o produto é aplicado na superfície do solo, é fundamental considerar a velocidade do maquinário, a umidade do ar e a velocidade do vento, com a finalidade de atingir o alvo e não desperdiçar o produto.

Plantio de cultura de cobertura

Após todos esses tratos, o plantio de cultura de cobertura se enquadra no 4º passo do preparo do solo. O objetivo é não deixar o solo desnudo e garantir uma lavoura mais sustentável.

A matéria orgânica formada por uma cobertura verde promove melhor disponibilidade de nutrientes e protege o solo contra chuvas pesadas, que causam erosão. Além disso, as raízes em decomposição dessas plantas também melhoram a estrutura do solo , aumentando a infiltração de água no sistema.

Após a dessecação da cobertura , os benefícios são perceptíveis durante o estabelecimento da cultura da soja e na redução das temperaturas nas camadas superficiais do solo.

O plantio com soja INTACTA

Após o preparo do solo e uma dessecação eficiente da cultura de cobertura, o plantio da soja estará próximo.

Não se esqueça de escolher a variedade de soja com tecnologia INTACTA mais compatível com o seu ambiente produtivo, e de traçar a sua estratégia de adubação da cultura com foco em macro e micronutrientes.

Para definir os melhores métodos de sistema de adubação do plantio a colheita, conte com um engenheiro-agrônomo responsável. Esse profissional dará a você todo o auxílio necessário para interpretar o resultado da análise de solo da sua lavoura e posicionar os melhores fertilizantes, em doses adequadas à sua meta de produtividade.