Correção do solo: como devo fazer?

Micronutrientes são demandados em menor quantidade pelas plantas de soja, mas são indispensáveis para lavouras produtivas.

As plantas de soja precisam de 17 elementos químicos para seu pleno desenvolvimento. Os nutrientes exigidos pela cultura podem ser separados em dois grupos: macronutrientes e micronutrientes.

Os macronutrientes são requeridos em maiores quantidades, e podem ser encontrados nos tecidos vegetais da planta de soja, na ordem de g/kg.

 

Ainda que sejam demandados em quantidade reduzida, os micronutrientes desempenham importantes funções dentro da planta, sendo indispensáveis para que sojicultores obtenham lavouras altamente produtivas.  

Por esse motivo, é sobre micronutrientes, suas funções e o que acontece quando eles estão em desequilíbrio no solo que vamos falar neste artigo.

Os micronutrientes da cultura da soja


Os micronutrientes demandados pela cultura da soja são: boro, cloro, ferro, manganês, molibdênio, zinco e cobre.

Veja, na tabela, as quantidades exportadas de cada micronutriente com a produção de 1.000 kg de grãos pela cultura da soja.

Exportação
(kg/tonelada de grão)
Micronutriente
Boro Cloro Ferro Manganês Molibdênio Zinco Cobre
20 237 70 30 5 40 10

Fonte: adaptado de “Tecnologias de produção de soja – região central do Brasil – 2009 e 2010”. Londrina, Embrapa Soja, 2008. 261 p. (Embrapa Soja. Sistemas de Produção, 13).

Função dos micronutrientes e sintomas de deficiência


Cada micronutriente desempenha uma função dentro das plantas de soja. A escassez ou o fornecimento desequilibrado desses nutrientes pode causar sintomas de deficiência, que devem ser monitorados ao longo da safra.

O excesso de um nutriente no solo pode causar o “antagonismo de nutrientes”: quando um elemento prejudica a eficácia ou o acesso da planta a outro elemento.

Esses elementos atuam nas diferentes fases de desenvolvimento da planta, como na germinação, na fixação biológica de nitrogênio, no florescimento e na formação de grãos.

Conheça as características dos micronutrientes da soja:

Boro: este elemento, em particular, deve ser aplicado preferencialmente na dessecação da área, e junto com os herbicidas em pré-plantio e pré-emergência da cultura da soja. O boro é o elemento que não é absorvido pelas folas.

Atua no transporte de açúcares, ajuda na formação do tubo polínico e melhora a polinização, aumentando o pegamento das vagens.

  • Deficiência: abortamento de flores, menor nodulação das plantas e má-formação dos grãos.

Cloro: atua na fotossíntese da planta e na regulação osmótica das células.

  • Deficiência: folhas tornam-se amareladas.

Cobre: participa do processo de fixação biológica de nitrogênio (FBN), responsável pelo fornecimento de nitrogênio para a cultura. Aumenta a resistência a doenças fúngicas como a ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi).

  • Deficiência: morte de ponteiros das plantas, encurtamento de entrenós e amarelecimento das plantas devido a uma menor FBN.

Ferro: ativação de enzimas relacionadas à fixação biológica de nitrogênio, indispensável na formação do pigmento verde.

  • Deficiência: menor taxa fotossintética e produtividade da lavoura.

Manganês: participa da fotossíntese, responsável pelo crescimento das plantas. Atua também na síntese de proteínas, e acelera a germinação e a maturação.

  • Deficiência: menor porte das plantas.

Molibdênio: participa do processo de fixação biológica de nitrogênio, sendo importante no fornecimento de nitrogênio para as plantas. Atua também na produção de proteínas.

  • Deficiência: menor porte e uma coloração amarelada das plantas devido à deficiência de nitrogênio.

Níquel: atua no processo de germinação das sementes e no crescimento da planta, além do processo de nodulação. Atua também no metabolismo do nitrogênio e na absorção de ferro, e ajuda na resistência das plantas a doenças. O fornecimento adequado de níquel irá ocasionar aumento no peso dos grãos. 

  • Deficiência: diminui a germinação das sementes.

Zinco: precursor de enzimas, importante no processo de crescimento das plantas e na produção de clorofila.

  • Deficiência: redução do número de vagens e encurtamento de entrenós.

Influência da aplicação de calcário na disponibilidade de micronutrientes


A disponibilidade de micronutrientes está diretamente relacionada com o pH do solo.

A utilização de doses excessivas de calcário aumenta muito o pH do solo, diminuindo a disponibilidade de micronutrientes — o que pode causar deficiências nutricionais nas plantas, conforme mostrado no infográfico:

Figura 1: influência do pH na disponibilidade de nutrientes no solo.
Fonte: Maissoja.

Solos com pH acima de 6,5 tem baixa disponibilidade de ferro, cobre, manganês e zinco. A elevação do pH também influencia no aumento da disponibilidade de molibdênio e cloro.

Sendo assim, a utilização correta de calcário é essencial para garantir disponibilidade de micronutrientes no solo.

Como garantir o suprimento de micronutrientes na lavoura, do plantio à colheita?


A faixa entre suficiência e toxidez dos micronutrientes é muito estreita. Por isso é tão importante determinar a quantidade exata de cada nutriente a ser aplicada ainda durante o planejamento da safra, com a análise de solo em mãos.

A adoção do método mais eficaz para que cada nutriente seja fornecido para a lavoura de soja também deve ser considerada. Atualmente, o suprimento de micronutrientes pode ocorrer de três formas distintas: tratamento de sementes, aplicação foliar e aplicação via solo.

Veja a especificidade de cada uma dessas formas!

Tratamento de sementes


A aplicação de micronutrientes via sementes ocorre juntamente com o tratamento químico, que pode banhar as sementes com produtos fungicidas e inseticidas.

O principal micronutriente aplicado por meio do tratamento de sementes é o molibdênio. A quantidade aplicada desses elementos é de 12 a 15 g/ha. O cobalto é outro micronutriente aplicado via sementes.

Aplicação via solo


A aplicação de micronutrientes via solo é realizada na linha de plantio, juntamente com a adubação de plantio ou a lanço. Quando a aplicação for realizada na linha de plantio, devemos utilizar 1/3 da dose recomendada para a aplicação a lanço.

Adubação via foliar


A adubação foliar proporciona uma correção rápida, com efeito menos duradouro.

O manganês é o principal micronutriente aplicado via foliar, principalmente em solos arenosos com baixa disponibilidade de manganês, e em áreas que recebem altas doses de calcário.

Altas produtividades e a utilização de micronutrientes


De acordo com o pesquisador Dr. João Pascoalino, integrante do CESB (Comitê Estratégico Soja Brasil), a alta produtividade está associada a todos os fatores, que devem estar em harmonia e equilíbrio.

Segundo o especialista em publicação do portal Mais Soja, não podemos negligenciar os micronutrientes. “Quando trabalhamos em ambientes de altas produtividades, devemos ter em nossa concepção que são ambientes extremamente exigentes, e por isso é necessário fornecer quantidades de zinco, boro, ferro, manganês, e os demais, dentro da proporção correta, de acordo com as exigências nutricionais”, explica.

Nesse contexto, devemos reforçar que, para obter o máximo potencial produtivo de cultivares de alta performance com a biotecnologia INTACTA, é fundamental fornecer todos os nutrientes em quantidades precisas, no momento correto e de forma adequada. Assim garantimos produtividade e sustentabilidade de forma rentável, além de cuidar de um bem muito importante para a agricultura, que é o solo.