Para que você possa buscar o melhor resultado na safra de soja 2020/2021, preparamos algumas dicas sobre um fator que pode fazer a diferença na próxima vez que você instalar a cultura: o planejamento de safra.
Com o planejamento de safra, você pode definir quais insumos são necessários e quais práticas agronômicas você irá executar ao longo da safra, considerando os desafios de manejo e as demandas da cultura da soja.
Neste artigo, você conhecerá os principais insumos que devem estar incluídos em um planejamento de safra voltado para a nutrição e proteção da lavoura de soja.
Começando o planejamento da safra de soja
Para começar bem o planejamento de safra, é importante:
Realizar análise de solo
Com essa análise em mãos, conhecemos as características químicas, físicas e biológicas do solo, e mapeamos a necessidade de correção de solo e adubação.
Conhecer o histórico da área
Conhecendo o histórico de pragas, doenças e plantas daninhas, e principalmente o histórico das culturas de rotação, é possível prever alguns desafios da safra atual e quais serão as soluções.
Conhecer o ambiente produtivo
O clima, as propriedades do solo e os manejos realizados na lavoura ao longo do tempo vão indicar a dosagem de nutrientes e até mesmo quais cultivares e população de plantas são mais eficientes para a lavoura.
Planejamento de manejo da safra de soja
Agora que você tem a “visão 360º” da sua lavoura, é mais fácil saber o que comprar ou deixar preparado no galpão. Para planejar a safra com base nos manejos que devem ser realizados na lavoura de soja, divida as ações em três grandes blocos: antes do plantio e plantio, pós-emergência e antes da colheita.
Vale lembrar que cada talhão vai exigir insumos de forma diferente. Por isso, independentemente da estratégia definida neste momento, o monitoramento da lavoura durante a entressafra e a safra é indispensável para otimizar recursos e realizar um manejo eficiente.
Planejamento da safra de soja: antes do plantio e plantio
Você já escolheu a variedade associada à biotecnologia INTACTA RR2 PRO® que vai plantar, mas ainda precisa preparar a área para que a lavoura consiga se desenvolver. Antes do plantio, o seu planejamento deve considerar produtos para as seguintes práticas:
Preparo do solo com calcário e gesso
Na calagem, é aplicado calcário, para elevar os teores de cálcio e magnésio, neutralizar o alumínio tóxico das plantas e corrigir o pH do solo. A gessagem é a aplicação de gesso, com o objetivo de fornecer cálcio e enxofre nas camadas mais profundas do solo, favorecendo o enraizamento das plantas.
Adubação com fósforo, potássio e nitrogênio
A base para um bom desenvolvimento da cultura da soja são três nutrientes: fósforo, potássio e nitrogênio.
O fósforo é indispensável para o crescimento e a produção vegetal da cultura da soja, e impacta nos processos de fotossíntese, respiração, armazenamento e transferência de energia, divisão celular e crescimento das células. O potássio é responsável pelo crescimento, vigor e manutenção dos tecidos vegetais da planta.
A dosagem deve considerar o resultado da análise de solo.
Ponto importante: no dia do plantio, colocamos 100% da dose de fósforo no plantio e apenas 20% da dose de potássio. O restante da dose total do potássio é utilizado em aplicações em cobertura 30 dias após a emergência.
O nitrogênio é tão fundamental quanto potássio e fósforo. De acordo com a literatura, para produzir uma tonelada de grãos de soja, a planta precisa de aproximadamente 80 kg de nitrogênio.
O nitrogênio pode ser inserido na lavoura por meio do tratamento de sementes com Bradyrhizobium spp. e Azospirillum spp. – bactérias que vivem no solo e fixam nitrogênio, executando uma função benéfica para a cultura da soja e importante na renovação do nitrogênio no solo.
Tratamento de sementes com inseticidas, fungicidas, inoculantes e cobalto + molibdênio
O tratamento de sementes é uma prática bastante difundida: antes de ir para a semeadora, a semente recebe doses específicas de inseticidas, fungicidas, inoculantes e cobalto + molibdênio, com a finalidade de fornecer proteção inicial e nutrientes para a lavoura durante o estágio inicial da cultura.
O TSI – tratamento de sementes industrial – é o método mais eficaz e conveniente para os produtores. Além de a semente já chegar tratada na fazenda, os benefícios dessa prática são a uniformidade das doses de produtos químicos, a maior eficiência dos produtos e a padronização da performance da lavoura.
Nesse modelo, você escolhe a semente e o tratamento desejado, e o saco lacrado é entregue com as sementes prontas para o plantio. A dose e a escolha do produto usado no TSI vão depender do histórico da área e da análise de solo.
Dessecação antecipada com herbicidas de contato
A cultura da soja precisa ser instalada no limpo. Para manejar plantas daninhas, a dessecação antecipada deve ser realizada entre 20 e 30 dias antes do plantio. Para essa prática, são recomendados herbicidas sistêmicos e de contato.
Os herbicidas de contato atuam apenas no local onde entram em contato com as plantas. Herbicidas sistêmicos se movimentam no interior da planta, pelo xilema ou floema.
Para uma dessecação antecipada eficiente, é fundamental recorrer ao monitoramento de plantas daninhas para identificar quais espécies estão presentes, se são resistentes ou de difícil controle. Isso vai ajudar na decisão da dose e da rotação de princípios ativos de herbicidas. O herbicida mais utilizado nessa prática, sempre em conjunto com os demais, é o glifosato.
Manejo pré-emergente com herbicidas residuais
Após a dessecação antecipada, algumas plantas daninhas podem emergir do banco de sementes deixado no solo. Quando isso ocorre enquanto a cultura da soja começa a se desenvolver, o risco de matocompetição inicial é muito grande.
Para evitar esse problema, é recomendada a aplicação de um herbicida residual na pré-emergência da cultura da soja – no mesmo dia do plantio, simultaneamente ao plantio ou logo após o plantio.
Herbicidas residuais são produtos que devem ser aplicados para criar uma camada na superfície do solo, com o objetivo de inviabilizar a germinação e a emergência de plantas daninhas nas primeiras semanas após o plantio da soja.
Planejamento da safra de soja: após a emergência
Após a emergência da cultura da soja, os desafios aumentam. Para tanto, o planejamento de safra deve considerar a aquisição de inseticidas, fungicidas, adubos foliares, com foco em micronutrientes, e separar algumas quantias de herbicidas.
Manejo de pragas com inseticida fisiológico, sistêmico e de contato
De acordo com o desenvolvimento da lavoura, insetos como a mosca-branca, percevejos e lagartas passam a se alimentar da cultura da soja.
Lavouras de soja INTACTA RR2 PRO® são protegidas pela tecnologia Bt, que controla as seguintes pragas: lagarta-da-soja, lagarta-falsa-medideira, lagarta-das-maçãs e broca- das-axilas. No entanto, existem outros dois grupos de pragas que precisam ser manejados:
Inseticidas para manejo do Complexo de Spodopteras
Composto pelas lagartas S. frugiperda, S. eridania e S. cosmioides, o complexo tem chamado cada vez mais a atenção por conta dos danos causados na lavoura. Para manejar essas pragas, os inseticidas mais usados são os fisiológicos ou produtos de contato.
Os inseticidas fisiológicos atuam em enzimas específicas das lagartas, e apresentam baixa toxicidade aos inimigos naturais e ao ambiente.
Inseticidas para manejo de percevejos e mosca-branca
A mosca-branca (Bemisia tabaci), percevejo-marrom (Euschistus heros) e o percevejo-barriga-verde (Dichelops spp.) são as pragas sugadoras que mais se destacam em lavouras de soja. Começam a se alimentar da cultura durante as fases iniciais e intensificam o ataque quando surgem as primeiras vagens.
As classes de inseticidas mais utilizadas no manejo de mosca-branca e percevejos são os piretroides, organofosforados e metilcarbamatos. Esses produtos agem assim que entram em contato com a praga, causando paralisia e morte dos insetos-alvo.
Fungicidas para manejo de doenças
Na cultura da soja, o uso de fungicidas deve ser sempre rotacionado com foco em eficiência de controle de doenças e manejo de resistência de doenças.
Entre os produtos fungicidas que devem ser considerados no planejamento de safra, estão os fungicidas triazóis, estrobirulinas, carboxamidas e multissítio.
Com exceção dos fungicidas multissítio, esses produtos químicos penetram na planta de soja. Todos eles são capazes de intoxicar apenas processos vitais dos fungos causadores de doenças e, por isso, são considerados altamente seletivos.
Triazol
Os triazóis são inibidores de biossíntese de esteróis, considerados os fungicidas mais importantes para o controle de doenças fúngicas de plantas. Apresenta amplo espectro de controle de doenças.
São recomendados no manejo de ferrugem-asiática (Phakopsora pachyrhizi), crestamento-foliar (Cercospora kikuchii), mancha-parda (Septoria glycines) e oídio (Microsphaera diffusa).
Carboxiamida
A carboxiamida pertence ao grupo dos benzimadazóis, fungicidas que inibem a síntese de DNA e o processo de mitose dos organismos-alvo. Apresenta alto potencial sistêmico contra ferrugens, carvões e contra alguns fungos transmitidos pelo solo.
Estrobilurinas
Os fungicidas do grupo das estrobilurinas reagem com substâncias lipídicas da própria superfície da planta. São reconhecidos pelo seu efeito protetor prolongado e preventivo: seu residual é liberado lentamente, de acordo com o estágio da cultura e do desenvolvimento da doença.
Fungicidas multissítio
O fungicida multissítio é usado como protetor não sistêmico – não penetra pelo tecido foliar e não é translocado no interior da planta.
Quando aplicado nas partes aéreas da planta, o multissítio permanece na superfície do tecido vegetal, formando uma camada protetora que causa efeito residual, inviabilizando a inoculação de esporos de doenças. Quando utilizados de forma preventiva, os fungicidas multissítio ajudam no manejo de doenças no longo prazo.
É aplicado estrategicamente quando o histórico da lavoura aponta reincidências de doenças.
Herbicida glifosato para manejo “over the top”
Plantas daninhas podem surgir ao longo do desenvolvimento da lavoura, mas é essencial que todos os manejos de ervas anteriores tenham sido eficientes.
Nessa etapa, apenas plantas de pequeno porte e de fácil controle devem germinar.
Para controlar essas plantas daninhas, a recomendação é o uso de herbicidas a base de glifosato para o manejo “over the top” – quando a aplicação acontece com a cultura em estágio avançado.
Cultivares com a tecnologia INTACTA RR2 PRO® contam com tolerância ao glifosato, o que facilita muito o manejo.
Planejamento da safra de soja: pré-colheita
Próximo da colheita, além do monitoramento da lavoura para identificar possíveis pragas e doenças, convém realizar a dessecação pré-colheita. A finalidade dessa prática é reduzir a massa verde das plantas de soja, para facilitar a colheita dos grãos.
Para isso, o recomendado é o uso de produtos dessecantes diferentes do glifosato em lavouras tolerantes ao herbicida.
Os dessecantes mais utilizados antes da colheita são paraquate, glufosinato e flumioxazina.
O planejamento de safra de soja como um todo
Além do manejo da cultura, é importante que o planejamento considere a disponibilidade de maquinários para cada uma das atividades durante a safra, a equipe responsável por operar as estratégias da lavoura e uma série de outros fatores, que envolvem a gestão de recursos ambientais, econômicos e sociais.
Cada lavoura é única, e a adoção de produtos, dosagens e maquinários sempre dependerá do levantamento do máximo de informações sobre a área.