Agricultores que estão investindo em soja para a safra de verão 2020/21 devem priorizar, nesse período de entressafra, o manejo de plantas daninhas de difícil controle, redução do banco de sementes e controle das pragas iniciais. A prática agronômica mais indicada para realizar essa tarefa com sucesso é a dessecação antecipada.
A dessecação antecipada
A dessecação antecipada consiste em uma aplicação de herbicidas até 30 dias antes da semeadura da soja em lavouras que produziram culturas de safrinha, cobertura ou pousio. O objetivo principal da prática é evitar a presença de plantas daninhas e voluntárias na lavoura, além de proporcionar melhor rendimento operacional.
Considerando que pragas do solo e parte aérea representam impactos significativos na produtividade da soja, esse manejo acabou sendo incrementado com a associação de inseticidas – o que também contribui para a redução da pressão de pragas durante as fases iniciais.
O melhor momento para realizar a dessecação antecipada é a entressafra. Com a cultura já emergida no campo, a rotação de herbicidas é inviável, e algumas pragas dificilmente são atingidas por inseticidas.
Por que realizar a dessecação antecipada?
A redução de impactos de plantas daninhas e pragas durante as fases iniciais da cultura é indispensável para uma lavoura de soja de alta performance.
Conheça quais são esses impactos e entenda o valor da dessecação antecipada.
Manejo de plantas daninhas e voluntárias (tigueras)
Plantas invasoras podem causar uma série de adventos na lavoura, como:
Matocompetição inicial
As plantas invasoras podem disputar água, luz e nutrientes com a cultura da soja em fase de emergência, reduzindo o rendimento inicial da lavoura.
Alelopatia
Plantas daninhas podem liberar substâncias no solo que impactam negativamente a cultura da soja. Chamadas de substâncias alelopáticas, elas causam efeito tóxico apenas em algumas plantas e não interferem nas propriedades do solo.
Hospedagem de pragas
Algumas pragas da cultura anterior ou da área de pousio podem se manter vivas e se alimentando nas plantas invasoras até a emergência da soja.
Banco de sementes
Antes do encerramento de seu ciclo, algumas plantas daninhas em estágios avançados podem dispersar muitas sementes no solo. A consequência disso é o “banco de sementes”, que acaba originando mais plantas daninhas e diferentes fluxos de emergência ao longo da safra.
Atualmente, as plantas daninhas também apresentam um desafio no longo prazo, que pode afetar a lavoura durante várias safras: o desenvolvimento de resistência a herbicidas.
Plantas daninhas resistentes e de difícil controle
A resistência de plantas daninhas a herbicidas ocorre de forma natural, como resposta ao uso frequente ou inadequado de herbicidas de um único grupo químico. Com o passar do tempo, a molécula herbicida mais utilizada na lavoura começa a operar como fator de seleção de plantas daninhas tolerantes ou resistentes a herbicidas.
A solução estratégica para esse advento é o Manejo de Resistência de Plantas Daninhas, que integra a rotação de grupos químicos e princípios ativos e uso de herbicidas adequados para cada tipo de planta daninha.
Para poder adotar herbicidas específicos, saiba quais são elas:
Buva (Conyza spp.)
Produz mais de 200 mil sementes por planta. São facilmente dispersadas pelo vento.
Leiteiro (Euphorbia heterophylla)
Uma das piores infestantes da cultura da soja. Produz várias gerações em um único ano e germina escalonadamente por longo período.
Corda-de-viola (Ipomoea spp.)
Prejudica a colheita por se enrolar nas plantas cultivadas e mantém o solo com alta umidade.
Caruru (Amaranthus spp)
Apresenta grande diversidade genética. É hospedeira da mosca-branca (Bemisia tabaci), de pulgões (Aphis gossypii), do fungo Verticillium dahliae, e de tripes das espécies Selenothrips rubrocinctus e Frankliniella schultzei.
Capim-amargoso (Digitaria insularis)
Pode produzir cerca de 100 mil sementes e é bastante tolerante à dessecação, devido a sua rebrota após o impacto do controle químico, ceifa ou queima.
Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)
Competitiva em solos pobres. Leva vantagem sobre muitas outras espécies.
Picão-preto (Bidens spp.)
Produz de 3 mil a 6 mil sementes por planta e hospeda nematoides dos gêneros Meloidogyne e Pratylenchus.
Manejo de pragas na dessecação antecipada
Percevejo-barriga-verde e percevejo-marrom (Dichelops spp.), assim como lagartas do complexo Spodoptera, podem se alojar em plantas daninhas e inclusive na palhada até a emergência da soja. Por isso, é recomendada a associação de herbicidas com inseticidas durante a dessecação antecipada.
A não adoção desse manejo pode resultar no ataque das plântulas de soja logo após a germinação, afetando diretamente o estande de plantas. Dependendo da pressão de pragas, nem mesmo o tratamento de sementes pode ser útil nessa etapa.
O papel da biotecnologia após a dessecação antecipada
A dessecação antecipada é fundamental para a implantação de lavouras de soja de todos os ciclos e cultivares. Além disso, sem a presença de plantas daninhas resistentes, produtores que contam com a tecnologia INTACTA RR2 PRO podem realizar o manejo ao longo da safra utilizando o herbicida glifosato – produto para o qual a tecnologia confere resistência.
Semear a cultura no limpo e sem pressão de pragas iniciais será um diferencial no desenvolvimento da cultura e no momento da colheita.