Reforçando o MIP de forma sustentável nas lavouras, o controle biológico ajuda o produtor a manejar lagartas, percevejos e doenças da soja.
O controle biológico segue aumentando seu espaço nas lavouras do país, seja por conta da demanda por mais sustentabilidade na produção agrícola ou pela eficiência e rentabilidade que este método proporciona. Por este motivo, sojicultores têm obtido bons resultados ao recorrer a insetos, fungos, vírus e bactérias para reduzir perdas de produtividade por ataques de pragas e doenças.
Neste artigo você vai conhecer um pouco mais sobre o controle biológico e como ele pode ser utilizado na cultura da soja.
Como funciona o controle biológico
De acordo com a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a premissa básica do controle biológico é manejar as pragas agrícolas e doenças utilizando seus inimigos naturais, também conhecidos como agentes biológicos ou agentes de controle biológico.
Os agentes biológicos são organismos benéficos, capazes de diminuir a população de seus alvos, mantendo-os abaixo do nível de dano econômico. Quando utilizados corretamente, operam de forma eficiente junto das demais ações do Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Os inimigos naturais são separados em dois grupos:
- Macrorganismos: parasitam e predam as pragas. Inclui insetos, ácaros e nematoides. Os parasitoides são os inimigos naturais que parasitam as pragas, impedindo que elas cheguem na fase reprodutiva quando se alimentam do hospedeiro, levando-o a morrer. Os agentes biológicos predadores são insetos maiores que as pragas. Eles se alimentam do alvo e precisam de uma grande população de pragas para completar o seu ciclo de vida.
- Microrganismos: infectam e/ou colonizam as pragas, atuando em diferentes sistemas do organismo infectado. Integra fungos, bactérias e vírus.
O emprego do controle biológico na lavoura pode ocorrer de três formas:
- Natural: equilibra o ambiente, pois é feito pelos agentes biológicos já existentes no ecossistema.
- Clássico: acontece por meio da liberação de poucos agentes biológicos para controle de pragas exóticas, por uma ou mais vezes no mesmo local. É realizado em culturas semiperenes e perenes com o foco no controle a longo prazo.
- Aplicado: tem ação rápida, controlando a praga de forma semelhante aos produtos químicos. Ocorre a partir da liberação de populações de insetos criados em laboratório.
O controle biológico de pragas da soja
De acordo com artigo publicado por especialistas da Universidade de Franca, são utilizados predadores e parasitoides para manejar as principais pragas na cultura da soja. No entanto, também existem métodos alternativos, que utilizam vírus e bactérias.
Veja como manejar pragas e percevejos na cultura da soja.
Controle biológico de percevejo verde (Nezara viridula)
Pode ser realizado com o parasitoide de ovos Trissolcus basalis. Cada fêmea parasita, em média, 250 ovos de Nezara viridula. Esse inimigo natural é viável até cinco dias após o recebimento e pode ser armazenado em temperatura entre 15 °C e 20 °C.
Segundo publicação da Universidade Federal de Viçosa, é recomendado que sejam liberados 15 mil insetos T. basalis adultos por hectare de forma parcelada. Para obter sucesso com o inseto é importante manejar outras pragas da cultura da soja com produtos biológicos que não impactem negativamente a população do parasitoide.
O uso deste inimigo natural não é recomendado em caso de alta infestação de percevejo verde, próximo ao nível de dano econômico.
Controle biológico do percevejo marrom (Euschistus heros)
O manejo biológico do percevejo marrom pode ser realizado com o bioinseticida à base dos fungos Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana em formulação suspensão concentrada (SC). Uma vantagem da adoção deste método controle é que não precisa existir ingestão dos patógenos pelo inseto alvo para que aconteça a infecção, pois o produto possui ação através do contato físico.
A aplicação do bioinseticida na produção de grãos deve ocorrer quando forem encontrados 4 percevejos maiores que 5 mm por pano de batida. Deve ser aplicado na dose de 1,5 L/ha, com volume de calda de 200 L/ha.
Para melhor performance deste produto e germinação ideal dos fungos, é importante que as condições climáticas no momento da aplicação sejam de temperaturas de até 28 °C e alta umidade relativa do ar.
Controle biológico para lagartas da soja
Diferentes métodos de controles biológicos para lagartas são conhecidos e utilizados na cultura da soja. Entre eles estão:
- Trichogramma pretiosum: parasitoide de ovos. As liberações do inseto devem ser iniciadas quando encontrados adultos ou lagartas alvo. Devem ser realizadas uma a duas liberações por semana, com pelo menos três liberações no ciclo da cultura, para atender à demanda de 500 mil adultos por hectare na fase vegetativa da cultura, e 750 mil adultos por hectare no período reprodutivo.
- Bacillus thuringiensis (Bt): este tipo de agente biológico apresenta ação por ingestão e atua como disruptor das membranas do aparelho digestivo de lagartas. A primeira aplicação do produto deve ser realizada no início do aparecimento das pragas, com lagartas nos instares iniciais de desenvolvimento. O manejo deve se repetir com novos aumentos populacionais.
- Baculovírus: existem diferentes formulações de produtos à base de baculovírus com objetivo de manejar as lagartas Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis), Lagarta falsa medideira (Chrysodeixis includens) e Helicoverpa armigera. O vírus é aplicado sobre as folhas para que as lagartas se alimentem dos corpos de oclusão (OBs) de nuclopoliedrovírus (NPV) que estão na superfície tratada. Lagartas infectadas por baculovírus podem ficar mais vulneráveis às adversidades ambientais e mais suscetíveis a outras formas de controle.
A aplicação deve ser realizada com o objetivo de manejar lagartas de primeiro a terceiro instares, menores que 1,5 cm. A faixa de temperatura ideal para ação dos baculovírus é de 18 °C a 35 °C. É importante considerar que o vírus demora até 10 dias para matar as lagartas, mas param de comer quatro dias após a aplicação.
Segundo boletim da EMBRAPA, a aplicação de baculovírus não deve acontecer quando a desfolha causada pelas lagartas já tiver atingido 30% da lavoura até o fim de floração ou 15% a partir do início de desenvolvimento de vagens. Em condições desfavoráveis, bioinseticidas à base de Bt podem ser utilizados isoladamente ou em mistura com dose reduzida de baculovírus.
O controle biológico e INTACTA
O MIP integra diferentes métodos de manejo de pragas para que o trabalho no campo seja mais rentável e sustentável. Neste contexto, a biotecnologia INTACTA 2 XTEND possui papel fundamental, protegendo a lavoura da soja contra o ataque da lagarta falsa medideira, lagarta da soja, lagarta das maçãs (Heliothis virescens), e broca das axilas (Crocidosema aporema), além da supressão das lagartas elasmo (Elasmopalpus lignosellus) e Helicoverpa armigera.
Sendo assim, enquanto a biotecnologia maneja as principais lagartas da cultura, o controle biológico atua como ferramenta complementar, protegendo a soja contra diferentes espécies de insetos sugadores e mastigadores. Além disso, a integração racional destes dois métodos cria um cenário mais favorável para a longevidade da biotecnologia.
Para desenvolver o melhor plano para proteger sua lavoura de soja do ataque de pragas, procure por um engenheiro agrônomo de confiança ou consulte um representante INTACTA da sua região.