Inoculantes na soja: como utilizar?

Saiba como funciona, por que utilizar e como obter melhores resultados com inoculantes na cultura da soja.

Os inoculantes são produtos à base de microrganismo que ajudam a maximizar o potencial produtivo das plantas por meio da fixação biológica de nitrogênio (FBN). Este insumo leva bactérias benéficas para as lavouras de soja, que fornecem nitrogênio (N) para as plantas em um processo totalmente natural, reduzindo de maneira expressiva os gastos com o nutriente ao longo da safra.

Neste artigo da Bayer, você vai saber mais sobre como os inoculantes funcionam, vai conhecer os modos de uso da tecnologia e os benefícios para o produtor, além de dicas de especialistas para obter melhor resultado com a FBN.

Tenha uma boa leitura.

O que são inoculantes?

De acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o inoculante é um produto que contém grande quantidade de microrganismos, especificamente bactérias, que fazem bem às lavouras. Ele intensifica o processo natural da fixação biológica de nitrogênio (FBN).

Em um pacote de inoculante, a concentração dessas bactérias se encontra em grande quantidade, o que torna o processo da FBN ainda mais intenso.

Dados da ANPII (Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes) apontam que o Brasil produz mais de 50 milhões de doses de inoculantes anualmente.

Como acontece a fixação biológica nitrogênio (FBN)?

Basicamente, a FBN ocorre por meio de bactérias que vivem no solo e que se associam às plantas pelas raízes.

A fixação biológica de nitrogênio acontece normalmente na natureza, independentemente da ação do homem.

Segundo a CropLife, as bactérias fixadoras de nitrogênio contidas nos inoculantes invadem os pelos da raiz da planta hospedeira, em que se multiplicam e estimulam a formação de nódulos radiculares, que representam uma região de maior número de vegetais e bactérias.

Nódulos radiculares em planta de soja
                                            inoculada.

Figura 1. Nódulos radiculares em planta de soja inoculada. Crédito: @agriculturainteligentebr

Durante esse processo de simbiose, as bactérias captam o nitrogênio do ar e o transformam em alimento para a planta. Veja na ilustração como esse processo acontece:

Fixação biológica do nitrogênio

Existem diferentes bactérias capazes de fixar nitrogênio em diversas espécies de plantas. As bactérias mutualísticas (simbióticas) mais adequadas para a cultura da soja – e que apresentam resultado científico e comercial comprovados – são dos gêneros Bradyrhizobium (rizóbios) e Azospirillum em coinoculação com rizóbios.

Benefícios dos inoculantes na soja

Em primeiro lugar, para entendermos a relevância da adoção dos inoculantes na soja, devemos nos lembrar de que o nitrogênio é o macronutriente requerido em maior quantidade pela cultura. São necessários cerca de 80 kg do nutriente para cada tonelada de grãos produzidos, sendo que 60% dessa quantia é exportada pelos grãos.

Pelos cálculos de pesquisadores da Embrapa, o uso de apenas 20 kg de N/ha na forma de ureia (equivalente a 42 kg desse adubo) na soja cultivada no Brasil resultaria em um custo adicional de cerca de R$ 62,50 por hectare, totalizando R$ 1,7 bilhão nos 30 milhões de hectares cultivados com soja em 2013.

Por outro lado, o custo da dose do inoculante à base de Bradyrhizobium fica em torno de R$ 3,00/ha, e o inoculante à base de Bradyrhizobium + Azospirillum custa em média R$ 12,00/ha.

Nesse cenário, os inoculantes representam uma alternativa muito mais barata para fornecer nitrogênio para a lavoura de soja.

Aliás, a FBN gera, anualmente, uma economia de US$ 13 bilhões na cultura da soja, devido à substituição da adubação nitrogenada pela inoculação e coinoculação das sementes.

Outro benefício dos inoculantes é o aumento da produtividade. Pesquisa do Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural) observou que a inoculação da soja com bactérias Bradyhizobium oferece aumento de até 1,8 sacas por hectare, ao passo que a coinoculação com bactérias dos gêneros Bradyhizobium + Azospirillum proporciona incremento de até 5,6 sacas por hectare.

Além dessas características, os benefícios dos inoculantes na soja são:

  • Redução do impacto ambiental da adubação nitrogenada.
  • Melhora nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
  • Produtividade notável, especialmente em solos deficientes em nitrogênio.
  • Maior resistência a estiagens.
  • Maior eficiência na absorção de água e de outros nutrientes.
  • Aumento da simbiose com outras bactérias do solo que promovem crescimento de plantas (BPCP).

Como utilizar inoculantes na cultura da soja?

Inoculantes são insumos regularizados no Brasil e podem ser adquiridos como qualquer outro. Eles são comercializados em forma líquida ou turfosa.

O objetivo nas operações de inoculação e coinoculação das sementes de soja é facilitar o contato entre a semente, o solo e as bactérias.

Por esse motivo, existem três formas diferentes de se utilizar inoculantes na soja:

Inoculante turfoso

Primeiramente, aplique o inoculante como tratamento de sementes com uma dose (1,2 milhões de células viáveis por semente). Em seguida, umedeça as sementes com solução açucarada (300 ml/50 kg de sementes de água açucarada a 10%, ou seja, 100 g de açúcar e completar para 1 litro), ou outra substância adesiva, misturando bem. Depois, adicione o inoculante, homogenize e deixe secar à sombra. Por fim, utilize equipamentos próprios, tambor giratório ou betoneira.

Inoculante líquido em tratamento de sementes (TS)

Aplique uma dose (1,2 milhões de células viáveis por semente) nas sementes – em um processo idêntico a qualquer outro tratamento de sementes. Faça isso de modo homogêneo e deixe secar na sombra.

Inoculante líquido no sulco de semeadura

Aplique seis doses (7,2 milhões de células viáveis por semente). Lembre-se de que o volume mínimo de aplicação (inoculante mais água) deve ser de 50 L/ha.

Dicas para obter o melhor resultado com inoculantes na soja

A adoção de inoculantes deve ser feita com a mesma responsabilidade e critério com a qual são selecionados os demais insumos da cultura: com o uso de informação sobre histórico da área, condições climáticas do dia planejado para o plantio e análise de solo da lavoura.

Dessa forma, é possível escolher o melhor produto a ser utilizado com o método de aplicação mais adequado.

Além disso, é importante considerar as seguintes dicas:

  • Quando for associar fungicidas, inseticidas e micronutrientes no TS, aplique-os na semente antes da inoculação.
  • Em áreas nunca cultivadas, são recomendadas de duas a três doses a mais de inoculante, lembrando-se sempre de seguir as recomendações dos fabricantes. Também é necessário dar preferência à aplicação de cobalto e molibdênio via fo¬liar, e sempre iniciar o plantio com umidade adequada, para garantir uma boa germinação da semente.
  • Realize a reinoculação anualmente, mesmo em áreas consolidadas. Resultados da rede de microbiologistas da Embrapa têm obtido ganhos médios de 8% ao ano com a reinoculação.
  • Se for preciso aplicar inoculantes durante a safra via foliar, aproveite dias chuvosos, com o objetivo de facilitar a penetração do produto no solo.
  • Planeje o seu plantio, considerando a inoculação de sementes. É crucial que o produto seja utilizado minutos antes do plantio. Isso garante a longevidade das bactérias e a efetividade na inoculação.

Conte com profissionais para inocular as sementes de soja

O uso de inoculantes faz parte de uma visão sistêmica da produção agrícola. Isso significa que o bom desempenho dessa estratégia depende de uma série de outros fatores, que ocorrem antes, durante e depois da safra de soja.

Se tiver dúvidas sobre quais inoculantes escolher para a sua lavoura ou sobre quais as limitações para o uso de produtos biológicos, considerando os outros desafios da sua propriedade, conte com o suporte de um agrônomo de confiança.