Monitoramento: indispensável no manejo integrado de pragas na soja.

O MIP é essencial para a redução de custos e o aumento de produtividade em lavouras de soja.

O controle de pragas no momento correto é uma das premissas mais importantes do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Para que esse trabalho seja realizado com eficiência, o monitoramento constante da lavoura é indispensável. Apenas quando acompanhamos a evolução dos danos das pragas na cultura da soja, conseguimos identificar o Nível de Dano Econômico (NDE) e Nível de Controle (NC) – principais indicadores para a tomada de decisão do MIP.

Quando pragas atacam sementes em fase de germinação ou plântulas, podem ocorrer perdas significativas de produtividade na lavoura.

Monitoramento da soja: a base do MIP

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é um conjunto de medidas que torna o controle de pragas mais eficiente e otimizado. O foco do MIP é manter a população das espécies de insetos-alvo abaixo do nível em que são capazes de causar danos econômicos à produção.

Nesse contexto, o monitoramento é a prática agronômica que possibilita a identificação e a quantificação de um determinado inseto-praga, ou o reconhecimento da porcentagem de desfolha causada pela praga na lavoura.

Cada espécie de praga apresenta um Nível de Controle (NC) e um Nível de Dano Econômico (NDE) específico. Essas duas avaliações vão determinar o momento ideal para utilizar as ferramentas de manejo adequadas para cada praga.

Nível de Controle (NC)

O Nível de Controle (NC) é o indicador que representa o momento em que a população do inseto-praga atinge uma determinada densidade populacional, justificando o uso de defensivos agrícolas químicos ou biológicos. Quando iniciamos o manejo a partir do NC, evitamos que insetos alcancem o NDE.

Nível de Dano Econômico (NDE)

O Nível de Dano Econômico (NDE) representa o limite para a densidade populacional de pragas na lavoura. A aplicação dos inseticidas é justificada quando uma espécie se reproduz em um nível que supera o determinado como NDE para a praga na cultura da soja.

Nível de Equilíbrio (NE)

Quando em um determinado período, a densidade populacional de uma praga se encontra abaixo do NC, significa que o inseto está no chamado Nível de Equilíbrio (NE).

Como realizar o monitoramento de pragas na soja

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os monitoramentos da cultura de soja devem ser realizados semanalmente, com o objetivo de analisar a flutuação populacional, o tamanho, e o NC de cada praga presente na lavoura.

A amostragem deve ser feita com o pano de batida em uma linha da lavoura. O procedimento de monitoramento é simples:

  • O monitor deve sacudir as plantas da fileira escolhida sobre o pano de batida, e em seguida, contabilizar os insetos caídos no pano.
  • O pano de batida consiste em um pano ou plástico de 1 metro de comprimento por 1,5 metro de largura, presos a dois cabos em suas laterais.



A Empraba sugere que o monitoramento com o pano de batida seja repetido ao longo da safra, com as seguintes recomendações:

  • Avaliar seis pontos da lavoura em talhões de 1 a 10 ha.
  • Avaliar oito pontos da lavoura em talhões de 11 a 30 ha.
  • Avaliar dez pontos em talhões de 31 a 100 ha.

A estratégia de controle só tem início quando determinado inseto-praga está presente em quantidades acima do NC, de acordo com a amostragem.

O momento ideal para o manejo de pragas

Para que o monitoramento seja eficiente, é necessário saber identificar as principais pragas da cultura da soja durante as fases de desenvolvimento da lavoura, assim como o momento ideal para manejar cada uma delas.

Para ajudar nessa tarefa, vamos compartilhar quais são essas pragas, e o NC ou NDE de cada espécie durante as fases iniciais da cultura da soja.

Lagartas que atacam a soja

Alimentam-se de várias partes das plantas e causam desfolha. Os danos causados por lagartas são observados ao longo de todo o desenvolvimento da planta, mas durante a fase inicial, os prejuízos são maiores, porque plantas jovens possuem menor capacidade de recuperação.

As lagartas podem ser divididas em dois grupos: lagartas que atacam as folhas, e lagartas que atacam plântulas, hastes e pecíolos.

Lagartas que atacam as folhas:

  • Lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens)
    Alimenta-se do limbo da folha fazendo pequenos buracos e não consome as nervuras. NC na fase inicial: 20 lagartas ou 30% de desfolha por metro no período vegetativo.
  • Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)
    Alimenta-se de toda a superfície da folha e nervura, pecíolo e hastes mais finas. NC na fase inicial: 20 lagartas ou 30% de desfolha no período vegetativo por metro.
  • Lagarta-enroladeira (Omiodes indicatus)
    Alimenta-se do parênquima foliar, deixando apenas uma fina camada translúcida da folha. NC na fase inicial: 20 lagartas grandes (maiores que 1,5 cm) ou 30% de desfolha por metro.
    Lagartas que atacam plântulas, hastes e pecíolos:
  • Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
    Alimenta-se do caule e folha de plântulas, causando murcha, seca e tombamento. Plantas jovens têm pouca capacidade de sobreviver a seu ataque. NC na fase inicial: 20 lagartas ou 30% de desfolha por metro no período vegetativo.
  • Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)
    Alimenta-se de sementes recém-germinadas e da haste das plantas. Causa a murcha e o tombamento das plantas, bem como reboleiras com falha na germinação. NC na fase inicial: 20 lagartas grandes (maiores que 1,5 cm) ou 30% de desfolha por metro.
  • Lagarta-militar (Spodoptera frugiperda)
    Nas fases iniciais, alimenta-se da base do caule das plantas. NC na fase inicial: 10 lagartas pequenas ou 30% de desfolha no período vegetativo por metro.
  • Lagarta Helicoverpa (Helicoverpa armígera)
    Alimenta-se de folhas e caules de várias culturas e apresenta alto poder de destruição, principalmente nas lavouras de milho, algodão e soja. NC: quatro lagartas pequenas ou 30% de desfolha no período vegetativo por metro.

Coleópteros

Coleópteros também podem impactar no desenvolvimento inicial da cultura da soja, e devem ser monitorados e manejados no momento correto. Conheça os principais:

  • Coleópteros desfolhadores: Extenso grupo de insetos, que inclui besouros que se alimentam das partes áreas das plantas, de raízes e nódulos de rizóbio, e podem causar grave desfolha. NC: até 30% de desfolha nas fases iniciais da soja.

  • Tamanduá-da-soja (Sternechus subsignatus): Alimenta-se da casca do caule e haste, e apresenta risco para as fases iniciais da cultura, pois a planta não consegue se recuperar dos danos causados pela praga e morre. NC: identificação de um inseto adulto, até a o estádio V3 (terceiro nó), e dois insetos por metro linear a partir do estádio V3.

FieldView: suporte no monitoramento de pragas da soja

Antes da entrada das ferramentas digitais no campo, o trabalho de monitoramento de pragas consistia apenas no procedimento com o pano de batida e anotações, que geravam no máximo, planilhas e documentos não sistematizados.

Agora, com o suporte do FieldView, é possível diagnosticar a área antes mesmo de realizar o monitoramento presencial dos talhões.

CCI: é similar ao NDVI, porém é capaz de representar melhor as diferenças de desenvolvimento vegetativo dentro de um mesmo talhão e de apresentar uma correlação maior com a produtividade daquela cultura.
Por meio de satélites, a plataforma consegue calcular o índice vegetativo da lavoura, gerando mapas de CCI (Climate Crop Index). Os dados apresentados nesse mapa facilitam a detecção de manchas causadas por pragas nos talhões, indicando quais áreas devem ser priorizadas no monitoramento.

Além disso, após a realização do monitoramento, todos os dados coletados podem ser inseridos no FieldView, garantindo um histórico completo.
Juntamente com as imagens aéreas do talhão, a ferramenta compila informações sobre antes, durante e depois do manejo de pragas realizado a partir do NC de cada inseto.

Para saber mais sobre como o FieldView pode ajudar na sua lavoura, clique aqui.