Plantas daninhas representam grandes desafios para o desenvolvimento da cultura da soja por conta de diversos fatores. Os efeitos negativos causados pela presença de plantas invasoras podem ser atribuídos a pressões ambientais de dois tipos:
- Diretas
Competição por água, luz, espaço e nutrientes, alelopatia e interferência na colheita. - Indiretas
Hospedar insetos, doenças e nematoides.
De acordo com a circular técnica Impacto econômico da resistência de plantas daninhas a herbicidas no Brasil, divulgado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o custo médio no Brasil para o controle de plantas daninhas é de R$ 120 por hectare. Quando o manejo é voltado para plantas daninhas de difícil controle resistentes ao glifosato, o custo pode subir, em média, de 42% a 222%, considerando o aumento de gastos com herbicidas e a perda de produtividade da soja.
O que é alelopatia?
Dano provocado por uma planta em outro organismo, causado pela liberação no meio ambiente de metabólitos secundários tóxicos.
Levando em conta o cenário competitivo do mercado de soja, todo gasto na produção da oleaginosa deve ser evitado a partir do uso de manejo inteligente e tecnologias disponíveis. Por esse motivo, conhecer as principais plantas daninhas de difícil controle da cultura, seus impactos e manejo pode fazer a diferença em lavouras com foco em alta performance.
Buva, capim-amargoso e caruru
A buva (Conyza sp.), o capim-amargoso (Digitaria insularis) e o caruru (Amaranthus palmeri) são plantas daninhas classificadas como espécies de difícil controle resistentes ao glifosato.Por conta da presença frequente destas plantas nas lavouras de soja RR, o herbicida glifosato passou a ser utilizado de forma repetitiva. Isso acelerou o processo de seleção de populações tolerantes ou resistentes ao produto. A consequência dessa adaptação é o aumento nos gastos com herbicidas e a demanda por estratégias mais complexas e eficientes de manejo.
Custos de manejo de plantas daninhas resistentes
Ainda de acordo a pesquisa da Embrapa, a ocorrência de capim-amargoso na lavoura pode representar o custo de R$ 318,00 por hectare, considerando que a espécie pode exigir até quatro aplicações de graminicidas.
Em áreas com infestação mista de buva e capim-amargoso, o custo de controle pode chegar a R$ 386 por hectare - um aumento médio de 222% no custo de produção.
Identificação da buva
As três espécies de buva (Conyza sp.) mais importantes são Conyza bonariensis, Conyza canandensis e Conyza sumatrensi. Conheça as características:
- Produz 200 mil ou mais sementes por planta, que são facilmente dispersadas pelo vento.
- As sementes germinam no outono e inverno, encerrando seu ciclo no verão.
- Hospedeira do Lettuce mosaic virus – LMV, transmitido por afídeos. Hospedeira de ácaros do gênero Brevipalpus.
- Necessita e compete com a cultura da soja por luz para germinar. Por isso, sua presença é mais restrita nas áreas ocupadas por culturas com boa formação de palhada, como: trigo, aveia e braquiária ruziziensis.
Identificação do capim-amargoso
O capim-amargoso é uma planta perene, herbácea, entouceirada, ereta, rizomatosa, de colmos estriados, que pode produzir até 100 mil sementes facilmente carregadas pelo vento. As folhas da planta possuem bainhas alongadas e são lisas ou com pelos esparsos. Outras características são:
- Se desenvolve bem em solos com alta ou baixa fertilidade.
- Se reproduz durante o ano todo, florescendo e frutificando no verão.
- Apresenta grande tolerância à dessecação devido a rebrota após o impacto do controle químico, ceifa ou queima.
- Sistema radicular é composto de curtos rizomas ramificados e fibrosos.
Identificação do Caruru
O primeiro relato de caruru (Amaranthus palmeri) no Brasil aconteceu em 2015, mesmo ano em que foi registrada como resistente ao glifosato.
A espécie anual é capaz de produzir mais de 600 mil sementes que podem se espalhar rapidamente apenas pela ação do vento. Além disso, suas populações têm grande diversidade genética.
De acordo com o estudo Estratégias de controle de Amaranthus palmeri resistente a herbicidas inibidores de EPSPs e ALS, realizado pela Embrapa, o Estado do Mato Grosso precisou adotar estratégias de “tolerância zero” com o caruru assim que a espécie foi identificada. Entre as ações para evitar a presença da planta daninha estavam até mesmo a capina manual para reduzir as possibilidades de disseminação das sementes.
Manejo de buva, capim-amargoso e caruru
O manejo destas plantas daninhas deve ter como objetivo reduzir a pressão de seleção de plantas resistentes e controlar os indivíduos resistentes presentes na lavoura antes que eles possam se multiplicar.
A buva, o capim-amargoso e o caruru devem ser manejados em estágios iniciais, quando ainda são plantas pequenas.
Para otimizar esse trabalho, é necessário adotar as seguintes medidas:
- Utilizar herbicidas com diferentes mecanismos de ação.
- Utilizar pré-emergentes para manejar o banco de sementes.
- Fazer o manejo de ervas pequenas.
- Usar associações de herbicidas com diferentes mecanismos de ação.
- Realizar aplicações sequenciais.
- Realizar o monitoramento constante para utilizar herbicidas no momento ideal.
- Fazer rotação de culturas.
Essas práticas proporcionam o controle eficiente por mais tempo e diminuem, inclusive, a probabilidade de outras espécies de plantas daninhas se tornarem resistentes ao glifosato ou a outros herbicidas.
Intacta2 Xtend: uma nova alternativa para plantas daninhas de difícil controle
Está programado para 2021 o lançamento da plataforma Intacta2 Xtend, terceira geração de biotecnologia em soja desenvolvida pela Bayer. A ferramenta proporciona maior proteção contra as principais lagartas da cultura da soja, expandindo seu escopo de defesa contra mais duas espécies relevantes (Helicoverpa armigera e Spodoptera cosmioides), somadas às quatro que já eram alvo da tecnologia Intacta RR2 PRO.
A solução representa uma alternativa eficiente para um controle mais amplo de plantas daninhas. Além da tolerância ao glifosato, a soja com tecnologia Intacta2 Xtend também será tolerante ao dicamba, herbicida eficiente no controle de plantas daninhas de folhas largas como a buva, caruru, corda-de-viola e picão-preto.
