Produtores de soja investem cerca de 24% dos custos totais da lavoura com fertilizantes e corretivos para suprir a demanda por macronutrientes.
Os macronutrientes são aqueles elementos químicos requeridos em maiores quantidades na lavoura de soja. As concentrações dos macronutrientes no tecido vegetal são da ordem de g/kg, enquanto os micronutrientes são encontrados na ordem de mg/kg.
Os macronutrientes da cultura da soja são nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre. A ausência de algum destes nutrientes reduz a produtividade e prejudica a qualidade do grão produzido.
É por conta dessa importância que produtores de soja investem cerca de 24% dos custos totais da lavoura com fertilizantes e corretivos para suprir a demanda por macronutrientes.
O investimento com a nutrição da lavoura é alto porque o suprimento adequado de nutrientes garante a produtividade da cultura.
A relevância de cada macronutriente na cultura da soja
A relevância dos macronutrientes fica evidente quando conhecemos a demanda nutricional da cultura da soja.
Veja na tabela a quantidade de macronutrientes exportadas com a produção de 1.000 kg de grãos pela cultura da soja:
Exportação (kg/tonelada de grão) |
|
Fonte: Adaptado de Tecnologias de Produção de Soja – Região Central do Brasil (2009 e 2010). Londrina: Embrapa Soja, 2008. 261 p. (Embrapa Soja. Sistemas de Produção, 13).
Para construir as melhores estratégias de manejo nutricional da lavoura, a análise química do solo é fundamental. Com os dados dessa análise em mãos, conhecemos a quantidade de macronutrientes que o solo pode oferecer diante da demanda da cultura – exposta na tabela.
A função dos macronutrientes na cultura da soja
Cada macronutriente possui uma função durante o desenvolvimento das plantas de soja, e o excesso ou escassez destes pode afetar a cultura de inúmeras maneiras. Confira:
- Nitrogênio – Atua na fotossíntese, na síntese de proteínas, na retenção de vagens, no peso dos grãos e na porcentagem de óleo, e aumenta diretamente a produtividade.
- Fósforo – Atua no armazenamento e fornecimento de energia, na fotossíntese e respiração, no enchimento de grãos e na produção de proteínas, além de estimular o crescimento e a nodulação das raízes. Com o aumento da nodulação, ampliamos a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), um método alternativo à adubação, o qual fornece nitrogênio para a cultura.
- Potássio – Atua na formação e no transporte de açúcares no interior da planta. É responsável pelo uso eficiente da água, ajuda a planta a tolerar a deficiência hídrica, reduz o acamamento, promove maturação mais uniforme da cultura e reduz a incidência de doenças fúngicas como a ferrugem-asiática.
- Cálcio – Atua no crescimento, faz parte da parede celular, melhora o florescimento, atua na nodulação das raízes para a realização da FBN, e é essencial para o crescimento e desenvolvimento das raízes.
- Magnésio – Atua diretamente na fotossíntese, ativa várias enzimas, auxilia na absorção de P, aumenta a FBN e a produção de proteína.
- Enxofre – Atua na síntese de proteínas e vitaminas, aumenta a eficiência da FBN e atua na formação dos grãos.
Impacto da deficiência dos macronutrientes na soja
A
deficiência nutricional afeta a
estrutura e o metabolismo da soja, reduzindo
a produtividade da lavoura. Veja quais são os principais
prejuízos que a
carência de macronutrientes causa na soja:
- Nitrogênio – Folhas e plantas ficam menores, com menor desenvolvimento de raízes.
- Fósforo – Folhas menores, crescimento lento, grãos menores e malformados. Reduz o número de vagens por planta.
- Potássio – Grãos pequenos e deformados, atrasa a maturação, promove maturação desuniforme e vagens chochas.
- Cálcio – Plantas com raízes pouco desenvolvidas, queda acentuada de folhas e vagens.
- Magnésio – Menor síntese de proteínas.
- Enxofre – Menor desenvolvimento do sistema radicular e nodulação deficiente, afetando negativamente o fornecimento de nitrogênio para a lavoura.
Como suprir a lavoura com macronutrientes?
Cada nutriente, seja ele macro ou micro, deve ser fornecido para a planta na dose correta e por meio do método mais adequado. É necessário pensar dessa forma, pois cada elemento apresenta uma característica diferente, e se relaciona de forma distinta com a planta e com o solo.
Conheça os meios mais eficientes de suprir a lavoura de soja com cada macronutriente.
Suprimento de nitrogênio
No Brasil, cerca de 72 a 94% do requerimento de nitrogênio pela cultura da soja são supridos pelo processo de Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN). O restante pode ser fornecido pelo solo, principalmente pela matéria orgânica formada com a palhada de culturas antecessores. Desta forma, praticamente não há necessidade de adubação nitrogenada com fertilizantes químicos.
Em resumo, para garantir o suprimento de nitrogênio para a lavoura, é preciso realizar uma boa inoculação das sementes e um bom manejo do solo, com práticas que aumentem e mantenham o teor de matéria orgânica em níveis adequados.
A inoculação na cultura da soja
A inoculação das sementes consiste em fornecer à cultura bactérias que são responsáveis por efetuar a fixação do nitrogênio atmosférico. A inoculação deve ser feita com produtos registrados pelo Ministério da Agricultura (MAPA). Dois exemplos de bactérias fixadoras de nitrogênio utilizadas na cultura da soja são Bradyrhizobium japonicum e Bradyrhizobium elkani.
Suprimento de fósforo
A quantidade de fósforo a ser aplicada depende da quantidade de fósforo presente no solo, do teor de argila e da fonte de fósforo que será usada na aplicação.
A aplicação de fósforo é realizada geralmente no sulco de plantio. De acordo com a Fundação MS, a prática de aplicação de fósforo a lanço na área toda em sistemas de plantio direto bem consolidados também está se tornando comum.
Suprimento de potássio
As adubações com potássio são feitas com objetivos de correção e manutenção da fertilidade do solo. As doses das aplicações são definidas em função dos teores de potássio e argila no solo.
Basicamente, a adubação com potássio é realizada com a aplicação de cloreto de potássio, que é recomendada de acordo com as tabelas de interpretação da fertilidade do solo.
Parcelamento das doses de potássio
O potássio é absorvido aproximadamente até o estádio R5.5 (enchimento de grãos). Além disso, em solos arenosos, podem ocorrer perdas de potássio por lixiviação.
Por esses motivos, o nutriente não deve ser fornecido todo de uma única vez no sulco de plantio, sendo a adubação parcelada até o estágio R5.5 o melhor meio de garantir que não haja deficiência de potássio na lavoura de soja.
Suprimento de enxofre
Devido à alta mobilidade do enxofre no solo, a necessidade de aplicação é determinada pela análise do solo nas camadas de 0-20 e 20-40 cm de profundidade.
Solos com baixos teores de matéria orgânica são mais
suscetíveis
à deficiência de enxofre.
Atualmente, a fonte de enxofre para os solos da região dos cerrados tem sido o gesso agrícola com 15% de enxofre. Outras fontes como o superfosfato simples, o monoamônio fosfato (MAP) e enxofre elementar também são usadas.
Suprimento de Cálcio e Magnésio
O principal meio de suprir a cultura da soja com cálcio e magnésio é a aplicação de calcário.
Além de fornecer cálcio e magnésio, o calcário elevará o pH do solo, fazendo com que haja maior disponibilidade de outros nutrientes como o fósforo, nitrogênio, enxofre, potássio e boro. A adição de calcário também diminui a quantidade de micronutrientes que podem se tornar tóxicos para a lavoura. Entre os elementos que são controlados com a elevação do pH, destacam-se o ferro, cobre, manganês e zinco.
A aplicação de calcário na lavoura é conhecida como calagem.
Calagem e gessagem
Para que a calagem atenda aos objetivos de correção do pH e fornecimento de cálcio e magnésio, ela deve ser feita três meses antes da semeadura da soja, preferencialmente com o solo úmido.
A calagem é fundamental para aumentar a eficiência do uso dos demais nutrientes.
A gessagem, que consista na aplicação de gesso agrícola, é outra forma de suprir a demanda por cálcio na lavoura. O gesso agrícola fornece também enxofre para as lavouras e diminui a quantidade de alumínio tóxico nas camadas mais profundas do solo.
A neutralização do alumínio tóxico nas camadas de 20 a 40 cm de profundidade permite que a cultura aprofunde as raízes, o que diminui os efeitos negativos da falta de água no solo e ajuda as plantas a absorver nutrientes em maior volume.
Quando as plantas absorvem os macronutrientes?
Por volta dos 30 dias após o plantio, a exigência por
macronutrientes da planta de soja
aumenta e se mantém elevada até o início do
enchimento dos grãos.
Entender as fases de maior demanda é importante para
o correto planejamento da
adubação com os macronutrientes. A partir do enchimento
dos grãos, uma intensa
translocação de nitrogênio, fósforo e
potássio ocorre das partes
velhas para as partes jovens da soja, diminuindo a necessidade de
adição de fertilizantes.
Para garantir elevadas produtividades, é essencial realizar a aplicação de macronutrientes na quantidade certa e no momento ideal. O objetivo de todo o manejo nutricional é deixar o solo equilibrado, com o foco na máxima produtividade da soja com a tecnologia INTACTA.